segunda-feira, maio 29, 2006

Obstipação

Como poetisa e com muito gosto pela poesia e pela poética e por tudo o que tenha a ver com poemas, não quis ficar de fora desta tertúlia poemária dando por isso o meu contributo com um humilde poema acróstico que escrevi à maneira dos chineses que ao contrário de nós que sentimos com o coração, sentem com os intestinos. Saudações poéticas ao organizador do sarau e dos jogos florais.


Martírio encarniçado sofre o ventre
Inchado de ardor e aflição
Negando docemente a dor que sente
Invadido por tal perturbação
Solta ares de a nada ser temente
Túrgido na profunda contracção
Ébrio dos sons de que é emitente
Recebe com frontal constipação
Ironias de todo o incontinente
Olhares de todo o bom cagarrão

Descuidada serpente das entranhas
Alívio procura com artimanhas

Separado por fim desta tortura
Obtido o perdão pelo sofrimento
Largada a prisão pela rotura
Tirado o papel do enrolamento
Uma nova alvorada se afigura
Retomar outra dose de alimento
Atulhar a barriga com fartura


Umbelina

terça-feira, maio 09, 2006

O segredo dos Vêgréticos - Introdução

No dizer dos mais influentes antropólogos, as grandes manifestações do espírito humano têm como fundamental objectivo a antecipação(1). O tempo passa a existir como conceito no preciso momento em que no Homem(2) se engendra a capacidade para pensar o devir. Deixa, portanto, de se preocupar com o passado como objecto de sustentação e passa a usá-lo como elemento de aprendizagem e gerador de correlações que possam em cada momento apontar diagramas existenciais com significado(3), e geradores inequívocos de premonição. É neste caldo criativo que em tempos muito remotos de uma pré-pré-história ocorrem as primeiras eclosões de substancial amadurecimento da anunciação(4) e da previsão metafísica.

Muito antes de alguns povos orientais começarem a olhar ingenuamente para o céu à procura de sinais que os determinassem, lhes dessem consistência e, de alguma forma os orientassem(*) o povo Vêgrético, em plena Ásia Menor(**), desenvolvia aturados e proficientes estudos sobre a influência das leguminosas(5) nos desempenhos artístico, cognitivo, sexual, afectivo, olfactivo, auditivo, filosófico, odontológico, etc. Sabe-se que estes estudos se foram desenvolvendo durante milhares de anos, enquanto a Ásia crescia. Infelizmente, porque se estava ainda na pré-história(6), todo esse acervo intelectual se perdeu, tendo restado apenas a informação que foi sendo transmitida de forma oral. O discreto povo Vêgrético que entre o século XXX a.C. e o século XV d.C. migrou aos ésses através de todo o continente Euro-Asiático, deixando influências muito colunáveis(***) mas mantendo em grande segredo(7) as suas práticas mais heterodoxas.

Neste trabalho de investigação que aqui inicio a publicação vou, ao longo das próximas semanas, dar-vos conta de alguns elementos da civilização Vêgrética e de como essa sabedoria acumulada pode ser usada hoje - mais do que nunca - na criação de uma sã e equilibrada vivência.

(* daí o nome de orientais)
(** assim chamada na altura porque ainda estava em crescimento)
(*** é extraordinariamente remota a utilização de colunas pelos Vêgréticos para se encostarem pensativamente)

(1) - Pinto, Margarida Rebelo: Talvez haja coincidências
(2) - Mourinho, José: The special Toe
(3) - Coelho, Eduardo Prado: A razão é a minha profissão
(4) - II, João Paulo: Encíclica Laborum Cansa
(5) - Goucha, Manuel Luís: Onde está o nabo?
(6) - Matttoso, José: A pré-pré-história dos Vêgréticos

(7)
- Brown, Dan: O código dá vício

Umbelina

segunda-feira, maio 08, 2006

Chulidaridade

Questuma dezer-se - imbora nus dias doije poça ter mázintrepertassões - que pur detráz dum ganda ómãe á semper uma ganda mulhér. Hé o que-se paça cumigo. Não fôra a Umbelina e talvez eu não tiveçe chagado tão sedo a aceçor do máizalto mastrubado da nassão. Hé a Umbelina que grássas há sua furmatura em chuchulujia me tãe dado o hapoi-o nessessário pra duma manaira sientífica ilaburar as minhas extratéji-as de consertassão sóssiópulíticas. Halãe diço páçamas camizas empecávelmente. Grássas a tar dezempergada - á máles que se vãeãe por bãe - naspetativa dum dia ser menistra da cultura ou doutra coiza cualquer, tãesse dedicado a extudos izaustivos sôber sabdorias milenares e vai, cu meu alto partossínio, paçar a pubelicar aqui no bló, uma cérie dartigos que se vão dar hópertunidade a melhares de peçoas de milhorar o seu putenssial. Quero dezervus caquilo de quéla se vai falar tãe sido esturturante da minha manaira de pençar e viver e pur isso tão a ver a sua grande emportânsia. Oije as coizas aqui por Blãe tão muinto toldadas. O fantasma do Alemirante handa pur aí a fazer descursos e parte a pssiênsia aos aceçores. Os funsionários da caza que já tão abituados dizãe que isto aconté-se sempre cu Belnences deche de divizão. Como somos cáize todos do Bãefica tamos chulidáiros.

Jakim (aceçor)

(Solidariedade aqui)

quarta-feira, maio 03, 2006

Bléque-aute

Despois dextas cemanas intenças ãe que a minha açeçoria ao Purfeçor mocupou quaize vinte e cuatro oras por dia expero ter agora mais tempo pra manter os meus fãs a par das minhas empurtantes atvidades e dividamente furnessidos de çabdoria e ençinamentos huteis. Estas semanas, tumando ãeprestada a boa pártica daziquipas de futbol, tivemos ãe bléque-aute ãequanto perparávamos as hepuca das assões de fundo que vão transfurmar o paiz. Muintos dos mais atentos dos meus saguidores apresseberamse de como a minha mudesta cãotribuição já tá a infeluênsiar signeficativamente o descurso do Purfeçor o que, como devãe de calcular, menxe dorgulho. Faltam apenas alguns prumenores de linguagãe. De cualquer manaira quero xamar a tensão pro fato de o novo tipo de prutuguez que uzorgãos denfurmação andão agora a purmuver - o famozo mais carensiado ou simpelsmente carensiado - já por mim tinha cido divedamente indentficado como mais nesseçitado ou simpelsmente nesseçitado. A enveja hé uma coisa muinto feia e o pelájio é a marca rancuroza da enveja. Desta vez como peçoa manganânima que sou não vou fazer valer os meus dereitos ãe tirbunal, mas comesso a ficar priocupado com esta falta dética. Tar priocupado cus mais carensiados hé o mesmo que tar priocupado com os mais nesseçitados. O Purfeçor haxa que dvemos tar priocupados com os desfavorsidos pruque inda não pressebeu a lójica da coiza. A dótora que trata do banco almentar já diçe, e muito bãe, que quanto mais difrença ovér entre os desfavorsidos - coitados - e os muito nesseçitados, melhor. A fucalização do descurso do Purfeçor na questão dos mais nesseçitados é uma ruptura no pradigma de o maizalto majistrado danassão se centrar ãe hinúteis descursos sobre a açiduidade dos deputados - queu já aqui dezamontei - e ãe prozas sobre o deficit e a purdutividade. Pra hoje deixovus como meditassão o fato de termos entrado no mez de maio e a nesseçidade e pençar no lugar honde hé que nos vamos exquesser derante uns dias da crize cu paiz atarveça.

Jakim (aceçor)

(Blackout aqui)