Nesta minha última intervenção antes da tomada de posse quero aqui deixar o meu apreço ao meu assessor Jakim pelo excelente trabalho desenvolvido nesta fase dura de preparação de cinco anos de grande mudança neste país. A sua colaboração tem sido de uma dedicação inexcedível e não fosse tratar-se de uma pessoa modesta e jovem, teria já todas as condições para transitar para um excelente cargo de direcção de um empresa pública, o que lhe permitiria ter uma reforma dourada aos trinta e cinco anos. Mas a sua devoção ao país é tal que vai permanecer como meu assessor para o sector da cultura que é, como sabem, o mais difícil.
Os portugueses não estão habituados às questões culturais e principalmente desde que, graças à minha eficaz governação, passaram a medir o grau de desenvolvimento pelo número de electrodomésticos, a cultura regressou ao lugar de onde nunca deveria ter saído, isto é, à mão de quem a entende e patrocina. A acção do Jakim vai, assim, inscrever-se numa tónica de acentuada elitização para que passemos a ter uma cultura que possa ombrear com a cultura dos outros países europeus e sairmos, como é meu lema, da cauda da Europa.
Neste programa, que em nenhum ponto vai colidir com a política do governo legitimamente eleito, vamos mais uma vez empenhar-nos em grandes empreendimentos culturais como a casa da música da Ota, o centro cultural de Fonte de Boliqueime, um estádio de futebol coberto em cada um dos concelhos do país, ligação ADSL para todas as novas habitações - substituindo as canalizações de água que em breve serão inúteis, um túnel cultural a atravessar Monsanto e outro a ligar Gaia ao Porto por baixo do rio Douro e muitas outras iniciativas que muito vão facilitar a coabitação com o Engenheiro.
Dada a extensão do meu grupo de trabalho, e porque permaneço uma pessoa simples e poupada, só alguns dos meus assessores vão ter direito a assessores próprios. O clima de contensão a que o governo está a sujeitar os portugueses, e muito bem, diga-se de passagem, deve ser acompanhado por mim e por aqueles que me são próximos, da postura adequada que a situação exige. Nesse sentido já dei ordens para que ninguém apareça à imprensa sem estar devidamente ataviado, com porte adequado e sempre com a maior seriedade no rosto. Usar da maior discrição, falar o mínimo ao telefone e sempre que necessário recorrer a marquises opacas.
O Jakim, dada a sua capacidade de trabalho, não terá direito a uma assessora como pretendia, mas poderá recorrer à estagiária que vai estar disponível para todos os assessores.
A bem da nação.
O Professor
2 comentários:
lá se foi o meu taxo, Jakim! açim teim menos peada, carassas!
o sócrates tem 24 secretárias podias arranjar meia dúzia pró jakim e já agora: que escrevem bem que a escrita dele confunde-me os meus fracos conhecimentos da língua
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