sexta-feira, janeiro 13, 2006

Embolia

Feéricas, achatadas lágrimas
Difusas sobre o pranto ardente
Formataram o meu alarmante
Soçobrar das páginas.

Mirei-me nua e despojada
Enlaçada em tramas delirantes
Confundidas pelas conjugadas
Ilações em tudo confluentes.

Girândola de espaços naufragados
Paradigma de censos inundados
Embalei teus ósculos perfumados
Em pináculos dias naufragantes.

Jamais o tempo estima a incidência
De virais entendimentos sufocados
Na lonjura destemida dos lamentos
Ribombantes sons são enforcados.

Afora este berrante inconformismo
Despenhado sobre a rutilante dor
Sou ainda formalmente o melhor
Das partidas começadas no abismo.

Umbelina

8 comentários:

Maria do Rosário Sousa Fardilha disse...

eu já imajinaba qu'a umbelina foçe pretenssioza, mas nunca imajinei que fosse tanto açim! olha jakim num pressebi nada mas tambenhe nem quero presseber. mas ela debia pençare que os çeguidores do professore cavaco teim na maiuria mais de sinquenta anos e fiseram-se à vida desde puconinos e pur iço num tiberam tempo pra aprendere poesias destas. E só sei que tem taviza teu amigo é. qu'a umbelina inda bai fazere cumpanhia aquele senhore que ganhôu o prémio Novel. ai bai pra Laçarote, bai!

Umbelina disse...

Caríssima MRF, fico assombrosamente sensibilizada pela sua intervenção. Eu sinto que a sua bela e entusiástica apreciação é um exagero de alguém que foi apanhada desprevenida pela languidez do meu humilíssimo poema. Aproveito a oportunidade para desejar um santo ano de 2006 para si e para os seus mais queridos. Um bem haja e que Deus e o Sr. Professor estejam consigo.

Umbelina

Fausta Paixão disse...

Querida Umbelina vejo que lhe brilha a inspiração dos iluminados. Não imagima quão agradada fiquei ao ler o seu magnífico palavrear.

Fausta Paixão disse...

Jakim, venho aqui dizer-te que tomes cuiado. Uma Umbelina assim será muito cobiçada na blogosfera. Eu se fosse a ti pensava duas vezes antes de a deixar postar aqui.Fazia como aquela que é dona de um blog que voa e apagava.

Umbelina disse...

Delicada e dedicada Fausta, as suas palavras são um bálsamo que deixa a minha veia artística em ebulição desmedida. São incentivos assim emocionantes que me permitem lutar contra ventos, marés, tempestades, tornados, maremotos e tsunamis e continuar obstinadamente na senda do belo e das suas expressões mais monumentais. Agradeço tão gracioso comentário e logo que possível irei deliciar-me com os seus, certamente belos, textinhos. Um agradável e calmo fim-de-semana são os meus devotos votos.

Umbelina

Chulé disse...

Fosga-se Umbelina, nem a minha tia Idalécia, que tem um curso de oradora percebia nada disto. Digo eu que ela era oradora, isto porque o meu tio Anacleto, aquele que tinha um Parkinson no bolso que o fazia tremer, (para quem não sabe Parkinson é aquela nova marca de telemóveis que vibram), coitado... mas voltando ao assunto: ele dizia que ela era má oradora, porque quando ia à oral com ele nunca acertava na gaita, por causa dos tremeliques.
Agora, nunca percebi porque raio é que ela tocava gaita, sendo oradora.

Umbelina disse...

Aromático e perspicaz Chulé, fico deveras emocionada pelas suas comovedoras palavras. A arte, na sua natureza morta, é um bem que consabidamente vulgariza a universalidade numa imanência ligada à formalização deslocalizada das genuínas emoções. Desejo que os seus pés se passeiem assiduamente por este prazenteiro lugar. Entretanto transmita os meus cumprimentos à sua tia Idalécia, ao seu tio Anacleto e ao sr. Parkinson. Para si segue este comovido abraço e o voto de uma semana bem oxigenada.

Chulé disse...

O que é que quer dizer com Oxigenada D. Umbelina? É alguma indirecta?